Contos e histórias

Contos e histórias Partilhar histórias vividas ou imaginadas, ao correr da pena, com muita imaginação

05/04/2025

Tudo na vida tem um princípio e um fim.
É nosso dever saber quando precisam de mais tempo as coisas a que estamos sujeitos no dia a dia ou pelo contrário de acabar com elas de imediato. Muitas vezes não sabemos, não temos a certeza e por isso prolongamos a agonia daquilo que já devia ter acabado e que nos está a fazer doer e sofrer. É preciso ser forte e largar o que nos está destruindo. Custa, é preciso força de vontade, mas é uma arte. É um ato de sobrevivência psicológica. Tudo isso para não carregar o fardo inútil daquilo que já não faz sentido na nossa vida.
Antonieta Barata

29/03/2025

Os professores não pagam nada
É verdade, os professores não pagam nada.
No outro texto que escrevi disse que havia professores de 1ª e professores de 2ª.
Os professores de 2ª não pagam nada.
Os professores de 2ª perdem o direito já anteriormente adquirido de ser sócio efetivo, mas não pagam nada.
Os professores de 2ª não podem assistir às Assembleias porque lhes falta o estatuto de sócio efetivo (que, entretanto, perderam), mas não pagam nada.
Os professores de 2ª são aqueles que lecionam há 30 anos, são aqueles que lecionam há 20 anos, há 10 anos, há 1 ano (é tudo a mesma coisa), mas não pagam nada.
Os professores de 2ª só conhecem os seus próprios alunos, porque a Instituição não os deixa conhecer mais ninguém, nem dar sugestões, nem dar palpites, mas não pagam nada.
Os professores de 2ª não podem assistir a outras aulas nem que um colega amigo lhes peça, mas não pagam nada.
Os professores de 2ª, não sei mesmo se não precisam de andar de pala nos olhos para não verem para os lados, mas não pagam nada.
Os professores de 2ª são algo transparente, uma espécie rara que por lá apareceu este ano, porque eles não eram assim, transparentes, sendo assim não pagam nada.
Os professores de 1ª eram os únicos que havia anteriormente e também não pagavam nada.

Agora os professores de 1ª têm de pagar para dar aulas. Porque não querem perder o estatuto de sócios efetivos, porque não querem deixar de ir às Assembleias, porque querem fazer parte da vida ativa da Instituição, porque querem assistir a aulas de outras colegas.
Para o ano só vamos ter professores de 2ª porque eles querem lá saber do estatuto de sócio, querem lá saber das aulas que são lecionadas por outros, querem lá saber das Assembleias Gerais ou Extraordinárias. Porque assim, não pagam nada.

Antonieta Barata

21/02/2025

O último a saber (parte dois)
Na sequência do famigerado cancelamento das aulas de francês, já referido, as aulas de francês deixaram de constar do horário atualizado nos placards. Perante isto, os alunos interrogaram-se: afinal há aulas de francês ou não?
É que o professor Eduardo barata assumiu estar comprometido perante os seus alunos e a USO em continuar a dar aulas até ao fim do ano letivo. Em que f**amos, pergunta um aluno?
O mesmo aluno, mandou um e-mail a todas as colegas dizendo que, apesar do dito cancelamento das aulas eles iriam estar presentes como habitualmente e continuar com o programa até ao fim do ano. Tudo isso foi corroborado pelo professor.
- Se não nos derem a sala vamos todos fazer pressão e barulho na Secretaria, dizia o aluno num e-mail.
Mas não foi preciso, porque segundo a secretaria, o professor tinha mudado de ideias e, portanto, tratava-se de uma reiniciação das aulas. Coisa estranha, pois as aulas nunca tinham sido interrompidas. Como retaliação também o fizeram mudar de sala. Baixaram-lhe o piso.
Antonieta Barata 21-02-25

18/02/2025

O último a saber
No seguimento da tal famigerada AGE (2ª parte), o meu marido (vamos chamar-lhe sujeito) já referido na última notícia, saiu da sala antes do final e teve este desabafo ao passar no corredor, frente à secretaria, onde estavam dois funcionários a laborar: não dou mais aulas de francês nesta casa. Um deles (o mais antigo) respondeu-lhe com um “olá”.
No dia seguinte um colega que colabora com ele no coro de francês e pertence aos Corpos Sociais informou-o de que tinham enviado um e-mail a CANCELAR as aulas de francês.
- Como? Cancelar? Qual e-mail? respondeu o sujeito. Não fui informado de nada, nem tenciono deixar de dar as minhas aulas até ao fim do ano. Seria uma desconsideração para com os meus alunos. Nunca podia fazer tal coisa, disse o sujeito. Além disso, no Newsletter, onde vem indicado a ausências dos professores não está lá o meu nome.
Afinal havia um e-mail.
Havia um e-mail, mas enviado para os alunos e à falsa fé: o dito e-mail apresentava tinha o seguinte texto:
Caro(s) Aluno(s)
Lamentamos informar que as aulas de francês lecionadas pelo professor Eduardo Barata se encontram canceladas. Uma aluna perplexa leu aquilo e enviou-lhe o dito e-mail. Só assim ele ficou a saber o seu conteúdo. As aulas tinham então sido canceladas pela Secretaria!
É caso para dizer: toma que já almoçaste.
O sujeito, furioso, manda um e-mail para a USO onde lamenta não ter sido formalmente informado da decisão unilateral da Direção e rejeita qualquer tipo de cancelamento das suas aulas. Afinal há um compromisso para com os alunos que não deve ser descurado. Mas como o cancelamento não foi retirado e os funcionários da secretária nada fizeram e a Diretora fechou-se no seu retiro de silêncio, veremos as cenas dos próximos capítulos.
As perguntas que me ferem os ouvidos são: então os 2 funcionários da secretaria têm poderes para cancelar seja o que for? Foram dizer no ouvido da Direção o que informalmente tinham ouvido no corredor? A Direção cancela assim sem mais nem menos uma aula, sem o sujeito ser ouvido nem achado? Que ditadura é esta?
Antonieta Barata 18-02-25

16/02/2025

Ele há cada uma!
De repente parece que caí do abismo. Nem queria acreditar! Então agora os professores da Universidade Sénior têm de pagar para lecionar? Dão as aulas pró bono e para além disso ainda têm de pagar? Ninguém se acredita quando falo nisso, mas é a pura verdade. Aconteceu aqui em Oeiras. Na sede da Universidade de Oeiras. Numa AGE, na segunda AGE, porque na primeira, o artigo 8º foi chumbado, exatamente aquele que tratava do problema dos professores. No artigo 8º previam-se 3 tipos de contribuições: joia, quota de associado e quota de ensino, o qual permitia criar uma taxa de pagamento para os professores. Foi então proposto na AGE que fossem apresentadas propostas para substituir essa alínea.
Há 20 anos que frequento esta universidade sénior, nunca quis ser professora, porque já o tinha sido durante 35 anos em várias escolas secundárias, mas vejo o trabalho insano que muitos professores têm ao preparar as suas lições e nem preciso ir muito longe, o meu marido há mais de 15 anos que leciona, primeiro dermofarmácia e cosmética durante 7 anos, e depois francês, disciplina que ainda agora leciona. Não exagero quando digo que leva alguns dias a preparar as duas aulas teóricas de quinta-feira.
A pergunta surge fluída: mas então se o artigo 8º reprovou na 1ª assembleia, porque haveria de passar na 2ª? Pois, aparentemente foi fácil. Para alterar o dito artigo, foram apresentadas 4 propostas para serem entregues à mesa. Duas delas, à partida saíram do baralho porque, segundo o artigo 6º já aprovado na Assembleia anterior, uma parte das propostas colidia com o que já tinha sido aprovado anteriormente. A terceira foi retirada pelo próprio preponente. Foi considerado que a parte relativa à situação dos professores deveria ser definido pelo regulamento e não pelos estatutos, por isso as propostas não foram consideradas.
Ficou a última, a 4ª, que era a favor da Direção, ou seja, propunha, uma quota (que ninguém sabia de quanto) para os professores. Claro que foi essa que ganhou e ficou tudo na mesma, neste caso pior.
Então, nesse caso, todos os professores têm de pagar quotas? NÃO, há os professores de 1ª e professores de 2ª.
Comecemos pelos professores de 2ª, que são aqueles que vão lá dar a sua aulinha e depois vão-se embora, não podendo ser sócios efetivos, não têm de pagar quota, não podem assistir às AG, não podem participar na vida ativa da USO e muito menos frequentar aulas. Isto são os professores de 2ª. Só os alunos os conhecem.
Os professores de 1ª, que deviam ser os únicos, têm de pagar a quota tal qual os alunos, com o objetivo de serem sócios efetivos, e frequentar as Assembleias Gerais. Em relação à assistência às outras aulas, pasme-se, nem uma palavra foi referida. Até agora (e sempre tinha sido assim), o professor podia frequentar uma disciplina teoricamente, mas na verdade havia hipótese de frequentar mais, se o professor da outra disciplina assim o permitisse. Nessa altura só tínhamos professores de uma única categoria, contrariando a proposta ganhadora que obriga a que o professor tenha uma figura dupla de professor e aluno.
Perante esta situação de barreira, foi tal a exaltação do meu marido que não conseguiu aguentar até ao fim da AGE, saindo de lá à beira de um ataque de nervos. Eu acompanhei-o.
Antonieta Barata

13/06/2024

Estou num situação difícil, talvez a mais difícil da minha vida. Nunca me senti assim e tenho uma razão muito forte para isso. É o chegar à beira de tal idade que não se pode dizer.
Olho-me e não me reconheço. Não acredito. Não pode ser, digo eu.
À exceção da minha mãe, todos os meus parentes mais próximos já estavam do lado em que ninguém sabe onde f**a e donde ainda ninguém saiu. Talvez Jesus Cristo, dizem.
Os dias correm, faço por não pensar, as estações correm, os filhos passam, os netos também, atropelam-se na minha vida os acontecimentos, sempre tentando não pensar. Quer dizer, eu julgo que não penso, mas a data está a aproximar-se tão velozmente que vou ter de utilizar uma estratégia drástica para a ultrapassar.
Toda essa gentinha que anda por aí feliz ainda está no princípio da década, por isso não têm de se preocupar para já. Alguns ainda nem a ela chegaram. Outros, como eu, já lá chegaram à tal idade que não se pode dizer, não sei o que sofreram, se é que sofreram e até há quem nem se importa por causa da conversa dos mimos. Ao receber esses mimos conseguem manter o equilíbrio e continuar a ser felizes.
Eu olho para mim e não me vejo. Ainda hoje fui fazer madeixas e gelinho. Vou ao ginásio, Deu-me na cabeça arranjar um hobbie já em idade serôdia. Respiro normalmente, tenho uma dorzita aqui e ali. Isto é normal? Acho que não é. Preciso de arranjar alguém que cuide de mim, que cuide de pessoas idosas. Eu sou uma pessoa idosa. Como é que isto aconteceu sem eu dar por isso?
Antonieta Barata

Que tal este turbante feito com uma echarpe?
26/05/2024

Que tal este turbante feito com uma echarpe?

05/05/2024

Uma coisa chamada PREC (parte um)
Parece que incomoda muita gente falar em PREC, mas temos de chamar as coisas pelos nomes mesmo quando são incómodas.
Todos, na maioria gostámos muito do 25 de Abril, foi aquele dia especial em que passámos de uma longa ditadura para uma democracia. Nesse mesmo dia foi aprovado um primeiro diploma legal – a lei 1/74 de 25 de Abril.
Isso foi ótimo. Andámos numa alegria eufórica até ao 1º de Maio. E se calhar andámos assim, mais um ou vá lá, dois meses.
A revolução feita por militares chamada “Junta de Salvação Nacional” começou desde logo a criar clivagens entre o poder civil e o militar. Com a autoridade que lhes advinha de ter derrubado o regime, o Movimento das Forças Armadas (MFA) cooperou na execução do 1º governo provisório que durou escassos meses. O 1º ministro chamava-se Adelino da Palma Carlos e o Presidente da República, general Spínola. Rapidamente se percebeu que, tanto o 1º ministro como o Presidente não alinhavam na mesma bitola dos militares que insistiam na tecla do socialismo. O lema da lei do 25 de abril era: “ir a caminho do socialismo”. Ora nem todos estavam para aí virados.
O 1º a cair foi o Palma Carlos. Não se sentia confortável com o rumo que os acontecimentos estavam a tomar. Com ele solidarizaram-se alguns ministros do seu gabinete, entre eles Francisco Sá Carneiro. Em meados de Julho, Vasco Gonçalves, um homem do MFA, foi indigitado por Spínola, para o cargo de primeiro-ministro.
Com este novo 1º ministro, o MFA tomou proporções de poder gigantescas ao ponto de as ruas estarem pejadas de cartazes com o grafismo POVO- VASCO- MFA.
Isto tudo no ano de 74. E ainda só estávamos no fim de Setembro.
Entretanto o general Spínola fazia discursos moderados que nada tinham a ver com o que se estava a passar. Parecia que vivíamos em dois Portugais diferentes.
Ele convocou então uma manifestação a 28 de Setembro, a chamada “Maioria Silenciosa”, designação pela qual ficou conhecida em Portugal a iniciativa política de Spínola e de alguns sectores mais conservadores da sociedade. Não conseguindo os seus intentos António de Spínola, demitiu-se do cargo de Presidente da República, em 30 de Setembro de 1974, amargurado com o destino do País que estava a levar um rumo cada vez esquerdista.
O I Governo Provisório caiu a 30 de Setembro do mesmo ano.
O II Governo Provisório iniciou funções pouco depois, liderado pelo Presidente General Costa Gomes, mais conhecido pelo “rolha” pois queria estar sempre bem com Deus e com o Diabo. O 1º ministro continuou sendo Vasco Gonçalves. Com o país cada vez mais à esquerda, iniciaram-se as ocupações das casas desabitadas, as invasões dos terrenos agrícolas sobretudo das grandes herdades alentejanas. Fundaram-se as primeiras Unidades Coletivas de Produção no Alentejo cujo principal objetivo era saquear as alfaias agrícolas dos donos espoliados. O rendimento da produção era mínimo, mas lá continuaram durante mais algum tempo.
Talvez a melhor medida das Forças Armadas tenha sido as Campanhas de Dinamização Cultural lançadas pela 5ª divisão do MFA (a 5.ª Divisão do MFA era o motor da propaganda revolucionária do PREC), em que estudantes, alguns universitários, corriam o país à procura dos tais 25% analfabetos adultos, no âmbito da “educação popular” e sua alfabetização.
Fim da 1ª parte.

28/01/2024

Quem diria! Já quase 80 anos. Emília nem queria acreditar. Faltava-lhe apenas ano e meio para lá chegar.
Olhava-se no espelho e questionava-se como tudo isto tinha vindo a acontecer. Uma velha, era agora uma velha. É certo que a OMS tinha levantado a fasquia para definir a idade das pessoas segundo o padrão da velhice, mas mesmo assim!
Emília não podia acreditar. Se ela raciocinava, se fazia coisas importantes ainda, se tinha hobbies e não eram só palavras cruzadas, como raio é que ela tinha chegado a velha num ápice?
Ah! E ia ao ginásio 3 vezes por semana e cultivava o espírito, a mente com aulas semanais.
Lembrava que na sua família poucos parentes à exceção da mãe, tinham chegado àquela sua proveta idade. Até a sua avó materna, para ela um símbolo de longevidade tinha durado uns míseros 72 anos.
E imaginava lares e cadeiras de rodas já tão próximas de si, da sua vida. Pobre Emília!
Dos livros e filmes e de tudo o que observava, punha-se a magicar e a imaginar situações, desatualizadas provavelmente, como estas:
Uma velhota de 80 anos (ou quase) sentada numa cadeira mais ou menos confortável cheia de almofadas por detrás, com umas pernitas magras penduradas, metidas numa pantufas azuis de trazer por casa. E, claro, a bengalinha ao lado para se poder levantar.
- Mãezinha, quer que eu lhe traga um chazinho para lhe aquecer a alma, pergunta a filha solícita?
Sim, porque a velhota que é viúva, já não consegue viver sozinha, acostou-se na filha. Já não chateia ninguém, limita-se a obedecer às regras que lhe impõem.
A coluna já não a deixa levantar-se e andar durante muito tempo. O tempo, passa-o a fazer tricot e camisolas para os netos, a ver televisão e a papar telenovelas.
Já não usa carrapito como acontecia há uns anitos, agora ficou-se pelo cabelo curto, cortado pela D. Amélia cabeleireira que lá vai de mês a mês.
É assim que a Emília ainda vê as senhoras de 80 anos (ou quase). E não se revê nestas imagens que criou, pois com ela é tudo ao contrário, que coisa!
Antonieta Barata

17/01/2024

A Bolsomania
Corria o ano da pandemia de 2020. Aquele mês de março deixou-nos completamente surpresos. Foi um ciclone que nos derrubou a todos. Isolamento em casa e a frase” por favor fique em casa” ou “não saia pela sua saúde” deixou-nos paralisados de terror. Que doença era essa tão terrível? Nunca nos tinha acontecido.
E assim começou a pandemia. Quase todos, sem nada para fazer.
A máscara. Ah! A máscara! Até para ir à rua ao supermercado da esquina era preciso máscara. Inicialmente as máscaras esgotaram nas farmácias. Era preciso arranjar máscaras. Foi quando começaram a aparecer as máscaras artesanais. Compravam-se duas ou três, por vezes mandavam-se fazer, lavavam-se e toca a usar outra vez.
Acho que o bichinho há muito vinha a germinar dentro de mim, não sei, mas era preciso um pretexto!
Agora já tinha um pretexto. As máscaras. Tinha em casa uns trapinhos e o exemplo de algumas amigas minhas que sabendo um pouco de costura faziam-nas para os filhos, netos, familiares…Reclamavam até as cores conforme o seu clube de futebol.
Disseram-me que no YouTube explicavam como se faziam e havia muitos tipo de máscaras à escolha do freguês. Embrenhei-me na leitura e na feitura das ditas. Experimentei um tipo de molde. Não gostei, claro, era a primeira. Como eu não sou de desistir assim do pé para a mão, voltei à carga. Experimentei vários tipo de moldes, mas fixei-me num. Era o que me calhava melhor.
Inicialmente fazia à mão, pois não tinha máquina de costura. Há muitos anos que não tinha máquina. Qualquer coisa que era preciso ou fazia à mão ou mandava fazer nessas lojas que agora proliferam e que arranjam todo o tipo de roupa.
Comprei uma máquina das baratas e comecei a trabalhar mais rápido. Mais tarde comprei outra e vendi a primeira, comprei mais duas, uma delas está no Algarve para quando vou de férias.
Sem receio de me enganar devo ter oferecido mais de 500 máscaras a quem me aparecia pela frente: colegas, amigos e amigas, familiares e outros. Já estava apaixonada pela costura sem ter tirado nenhum curso, workshop ou o que quer que fosse.
Deram-me mais tecidos, eu, comprar nem por isso.
Inicialmente comecei a fazer alterações na minha roupa, sempre tentando meter um pouco de patchwork, mas sem grande sucesso. Os acabamentos matavam-me, faltavam-me as bases.
Virei-me então para as bolsas pequenas, tipo telemóvel, mais tarde aprendi a pôr fechos nas mesmas. (ou ziperes à brasileira).
Fi-las ao baixo, ao alto, para utilizar como porta-lápis, com três compartimentos, alguns saquinhos para pão, etc. Foi a minha filha que me deu o empurrão de saída para fazer coisas mais diversas. Era o meu hobbie preferido e como tal não pedia dinheiro a ninguém, nem ninguém me perguntava quanto custava.
Até que um dia, uma prima minha disse-me: faz-me bolsa com tons alaranjados e pago-te 5 euros. Fiquei felicíssima. E até ia levar fecho.
Fiz a bolsa com o maior esmero. A partir daí e salvo uma única exceção passei a vender, sempre barato, é claro. Foi no verão de 22. A minha prima foi o balão de oxigénio que me faltava, consegui vender-lhe algumas, não só para ela, mas para amigas dela.
Subi ligeiramente o preço, comecei a fazer também chapéus de pano, sempre em patchwork.
Quando veio o inverno de 22/23 fiz algumas bolsas chamadas de “Inverno” com tecidos mais grossos e encorpados. Vendi bem. Nesse ano o preço era 6/ 7 euros.
Cheguei a ir para Universidade Sénior carregada de sacos e vendia. Neste inverno não estou a ter grande sucesso com as chamadas “malas de Inverno”, a menos que sejam de ganga. Lá vou tendo algumas encomendas, mas tenho verif**ado que afinal onde consigo vender mais neste momento é nas viagens de grupo. Os autocarros puxam ao ato da compra.
O preço continua baratinho, nas viagens sobe um pouco por causa dos trocos e lá vamos vivendo.
Graças a Deus não preciso disto para viver, é pura carolice. Mas uma boa carolice, uma paixão serôdia.
Antonieta Barata

29/12/2023

Acabei de fazer agora o resumo do livro “Com os holandeses” de Rentes de Carvalho”. Comecei a ler a “Ernestina” e depois rumarei à “Amante holandesa”, todos do mesmo autor.
Porquê? Talvez por causa de um clube de leitura a que pertenço, cujo “professor” mandou fazer a leitura de dois deles e por a Biblioteca de Oeiras me poder disponibilizar esses livros.
A Amante holandesa já foi a mais, a mais não será, porque o escritor deixa-se ler bem e tem estilo.
Vem isto a propósito de estar em férias do Natal. Dito assim parece ridículo. Isto de se ser velho e de se pertencer a uma universidade sénior, tem destas coisas, volta-se a ter férias tal como nos tempos em que estudávamos ou dávamos aulas (o meu caso). Há uma sensação de elasticidade no tempo, coisa que outros que não tiveram o meu percurso de vida possivelmente não experimentam.
Sempre senti que este período de uma semana que medeia o Natal e o Ano Novo é o melhor período para fazer coisas ociosas (ou não).
Eu sei que hoje, com a minha idade, já não se justif**a dizer isto, pois dir-me-ão que tenho todo o tempo livre à minha frente. Que posso f**ar a ver televisão todo o dia (desde que não sejam os nossos desgastantes canais idiotas), que posso f**ar na cama até às horas que me apetecer, que posso levar os dias a ler jornais e revistas, que posso dispensar o ginásio, que posso enrolar-me numa manta e nem sair de casa, etc. Pois posso, mas não me apetece.
Pura estupidez, dirão alguns.
Aos reformados é comum ouvir dizer-se: “já trabalhei durante muitos anos tudo o que tinha a trabalhar, agora acabou-se, já não quero ter mais obrigações, rotinas, deveres, encargos e afins. Quero finalmente descansar.
E agora? Afinal quem é que tem razão?
Antonieta Barata

21/12/2023

Não tenho nada contra alimentação macrobiótica, medicamentos naturais, leia-se, sem químicos, vegans e tudo o mais. Cada um faz o que lhe dita a consciência ou o que lhe dita o médico ou o que lhe dita o vizinho do lado.
O que me custa é verif**ar que as modas pagam-se caras e pouco efeito fazem, se fazem algum! O que me custa também é a ingenuidade de muita gente que acredita nos benefícios das coisas mais incríveis que eu nem vou referir os nomes. E já nem falo das dietas para emagrecimento.
Irrita-me um bocado quando digo a alguém que gosto de algum alimento e me vêm logo com aquela: e faz muito bem porque tem antioxidantes, ómega-3, gorduras insaturadas, tem ferro, etc.
E eu respondo: como, porque gosto, estou-me “borrifando” para os antioxidantes e mais não sei o quê que o alimento tem.
Então nós agora alimentamo-nos em função dos possíveis benefícios dos constituintes dos alimentos, alguns com nomes pomposos, e que ninguém sabe o que signif**am? Ninguém faz mesmo a mínima ideia da sua composição e mesmo se a fizessem, f**avam na mesma. Como em tudo, é preciso crer. É outra religião que está a emergir. É preciso comer o que os outros fabricam, com a ajuda de lavagens ao cérebro vinda de médicos, nutricionistas e afins. E muita gente a ganhar com isso, é sempre a mesma coisa.
Agora está na moda, beber leite sem lactose, pão ou massas sem glúten, sem açúcar, sem …sem… sem… Custa-me a crer que haja tanta gente com tantas intolerâncias ou alergias. Mas a verdade é que nos supermercados já há dificuldade em encontrar certos produtos sozinhos, limpos de futilidades.
O meu marido, por exemplo, que bebe leite por hábito diário, compra sempre leite (gordo). Ele não é gordo, é simplesmente leite. Os outros é que não são nada. É muito complicado chegar lá, ao leite dito gordo. Corredores e corredores de leite meio gordo, magro, de soja, de amêndoa, de aveia, de coco, de caju, etc. Tudo por causa das tais intolerâncias. O leite(gordo) ocupa uma pequeníssima parte de um corredor e é preciso estar muito atento para ver os pacotes.
Tenho uma amiga que agora só bebe leite sem lactose. Porquê, perguntei-lhe eu? “Porque gosto de pensar que sou intolerante à lactose”. “Parece que me sinto melhor”. Se calhar é verdade, sente-se melhor, sente que pertence à elite dos intolerantes.
Amanhã os hábitos e as modas mudam (como já têm mudado muitas vezes), e toda a gente segue, tal como uns carneirinhos, para novos hábitos e novas modas.
Antonieta Barata

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