20/08/2024
Quem nunca ouviu falar sobre a necessidade de fazer os cães enxergarem o humano como “líder da matilha”? Essa ideia de que os cachorros, de forma arquitetada, andam na nossa frente, ao saírem na rua, ou têm comportamentos agressivos e de m***a para nos “dominarem” é, na verdade, equivocada.
Geneticista, consultora em bem-estar e comportamento canino e criadora da metodologia neuro compatível de educação para cães no Brasil, Camilli Chamone lembra que a origem desse entendimento vem de 1970, com a Teoria da Dominância, criada pelo biólogo Lucyan David Mech e retratada na obra “The Wolf”.
Por meio do comportamento de lobos, Mech afirmava que as famílias desses animais eram lideradas por lobos fortes e dominantes (denominados alfas), enquanto os submissos (denominados ômega) os obedeciam. Os alfas, portanto, exerciam controle e ditavam as decisões sobre os outros membros do grupo.
Em 2005, o próprio cientista veio a público desmenti-la. Com o progresso das pesquisas, foi comprovado que a Teoria da Dominância não tem embasamento científico – e mais especif**amente com o avanço da neurociência comportamental, a partir do século XXI.
Os cães, independentemente do tamanho ou raça, têm o desenvolvimento cognitivo e emocional equivalente ao de uma criança de dois anos; ou seja, eles não têm um cérebro desenvolvido, ao ponto de quererem nos dominar, o que invalida, de vez, a Teoria da Dominância. “Eles não interpretam o mundo como nós – por exemplo, ao se olharem no espelho ou verem cenas na televisão, não associam e entendem que são apenas imagens refletidas”, complementa.
Entender o comportamento canino à luz da neurociência traz conhecimento e sabedoria. Ela pontua: não faz sentido submetermos nossos peludos a atitudes autoritárias para que nos obedeçam e nos respeitem, sem qualquer embasamento em ciência.
“Cabe a nós, humanos, usarmos o nosso ‘super cérebro’ evoluído para entendermos a espécie diferente e encantadora que trouxemos para a nossa casa, garantindo o bem-estar e a tranquilidade de todos da família”, finaliza a geneticista.
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