
16/06/2025
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Eutanásia, morte natural e cuidados paliativos.
Desde que o mundo é mundo, todos aqueles que vivem abraçam uma única certeza: em algum momento vamos morrer. E a morte, além de inevitável, é sim um processo sintomático. Os sintomas podem ir de amenos a graves, mas ainda que a cura da doença não seja possível, o cuidado sempre é.
E ainda que a eutanásia seja uma opção viável e legalizada na medicina veterinária, sua utilização não deve ser imperativa, e o caminho para determinar sua validade deve, sem sombra de dúvidas, levar em consideração os Cuidados Paliativos.
Distinguir os sintomas esperados e aceitáveis no processo do morrer é fundamental para que a percepção de sofrimento não seja superestimada, e para que medidas invasivas e prolongadoras da vida possam ser tomadas respeitando a proporcionalidade de cada caso. Medidas para promover qualidade de vida e o controle sintomático no processo de morrer são possíveis e nem sempre requerem a hospitalização do paciente, e a morte não deve ser vilanizada, dado que é algo tão natural quanto o nascer.
Não é o nascimento também um processo sintomático, complexo e que requer cuidados específicos?
Tutores não devem ser convencidos ou coagidos a realizar a eutanásia em seus animais, e a romantização do procedimento deixa de lado um aspecto importante: médicos veterinários paliativistas atendem com frequência pacientes que receberam a indicação da eutanásia à 2, 4 ou 6 meses atrás. Pacientes que chegam ao consultório caminhando, comendo e, bom, vivendo.
Quanto tempo é tempo o suficiente com quem amamos? E quanto tempo pode ser ganho, com qualidade, caso a morte seja compreendida, acolhida e cuidada, ao invés de antecipada?