20/02/2025
“Quando é a hora de dizer adeus?”
No início do ano, percebi que uma das minhas gatas mais jovens estava perdendo peso. Comecei a investigar e encontramos o baço dela cheio de tumores, já com metástases pulmonares. Diante desse quadro, optei por não intervir cirurgicamente e seguir com cuidados paliativos.
No começo, ela ainda se alimentava, mas continuava emagrecendo. Na semana passada, começou a recusar comida e, ao tentar oferecer, chegou a ter ânsia de vômito. Foi aí que comecei a me perguntar se já era o momento de deixá-la partir. Converso com ela todos os dias, dizendo que, se quisesse fazer sua passagem, eu estaria ao lado dela. Decidi que, se ela não comesse mais durante o fim de semana, eu pediria para alguém realizar a eutanásia para mim na segunda-feira.
Mas no domingo, ela voltou a beliscar—um pouco de recovery, um churu. Nada que realmente sustentasse suas necessidades, mas o suficiente para me fazer hesitar. Sempre fui contra eutanásia em pacientes que ainda se alimentam, e quando o paciente é meu próprio pet, essa decisão f**a ainda mais difícil.
Tenho feito analgesia, fluidoterapia subcutânea, e, acima de tudo, dado colo. Algumas vezes ao dia, procuro por ela na casa para saber se ainda está viva. Não sei se temos dias, semanas ou meses pela frente, mas sei que esse momento, de ter um prognóstico desfavorável e precisar decidir pelo fim do sofrimento, é uma das decisões mais difíceis que um tutor pode tomar.
Se você também está passando por isso, saiba que eu entendo a dor da incerteza. Optar pela eutanásia nunca será fácil, mas às vezes, é o maior ato de amor que podemos oferecer.