29/08/2020
Muitas pessoas que realizam a entrega voluntária de animais silvestres – principalmente Psitacídeos – aos CETAS de Minas Gerais, nos enviam mensagens nas redes sociais pedindo para ver como está o animal em questão nas nossas postagens. Nossa resposta é sempre a mesma: não podemos garantir que ele terá uma publicação. E qual a razão desta resposta?
Quando os animais chegam aos CETAS, passam primeiramente por uma avaliação de física e comportamental, além de receberem uma marcação única, que no caso das aves, é uma anilha (ou seja, uma espécie de anel de metal), e de outros animais, como mamíferos e répteis, um microchip. Quando o animal está saudável comportamental e fisicamente, é encaminhado para junto de outros indivíduos da mesma espécie, para que ele comece a reconhecer, os outros e a si mesmo, como uma ave silvestre. Muitas pessoas se preocupam com a adaptação do animal, o que é completamente normal, mas podemos afirmar que esse “desapego” é algo muito mais fácil para eles, do que para nós. Por exemplo, um Papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), pouco tempo depois de introduzido em um bando, começa a abandonar o hábito de repetir frases humanas, passando a vocalizar como é natural da espécie, a se alimentar como um papagaio, a interagir com os outros papagaios e a se comportar como um papagaio. Essa é a socialização, e é nesse momento que o processo de reabilitação para a tão esperada soltura, se inicia.
É óbvio que o processo não é tão simples e rápido, no caso dos psitacídeos, a reabilitação pode levar de meses até anos até que alcancemos o objetivo final, que é o retorno à natureza. É preciso estar sempre estimulando os animais com exercícios físicos e cognitivos, providenciando oportunidades de procura de alimento e permitindo que esse contato, com outros animais da mesma espécie, exista. Todos os animais possuem níveis de socialização dentro de seu grupo, e em relação aos psitacídeos, essa é uma característica fundamental para sua saúde, bem-estar e chances de retornar para a natureza.
Agora, pense em quantos animais os CETAS recebem por dia, mês ou ano... São MILHARES! É muito difícil identif**ar um animal específico, depois que ele é incluído em um bando, sem que tenhamos que manejar TODOS os indivíduos do grupo em reabilitação, para conferir suas anilha ou uma característica física marcante que o identifique. Já imaginaram o impacto deste manejo em questão de estresse para os animais?
O máximo distanciamento possível, do ser humano, também faz parte da reabilitação, e por isso nós, aqui nos CETAS, evitamos contato desnecessário, interação através da fala ou qualquer outro comportamento que possa ser prejudicial para esse processo. Nosso foco é sempre a soltura, a vida livre! E gostemos ou não, quanto maior a indiferença de um animal em relação ao ser humano, melhor a sua possibilidade de retorno a vida livre!
Nas fotos deste post, vocês podem conferir como é um viveiro de ambientação, espaço em que os animais f**am por um determinado período antes que a soltura em si, possa finalmente acontecer. Nós fornecemos alimento, água, abrigo e tudo o que eles irão precisar para esse período de adaptação, e por algum tempo após a soltura também. Conseguimos perceber que muitos se juntam em pequenos grupos ou até mesmo pares. Esse é o cenário que nós queremos ver: indivíduos completamente confortáveis com a expressão de seu comportamento natural, agindo como os animais que sempre deveriam ter sido.
Caso você tenha feito a entrega voluntária de algum animal ao CETAS, esteja certo de que fez o melhor para ele, e o levou ao lugar certo, e que ele estará com certeza sendo manejado da melhor maneira. Garantimos que cada animal recebido por nós recebe todo cuidado que merece, e esperamos que essas imagens possam trazer um pouco de conforto e esperança aos corações de cada um que nos acompanha... A soltura é uma realidade, basta cada um fazer a sua parte!
Não podemos garantir que cada animal entregue voluntariamente ou resgatado, será mostrado em solturas nas nossas redes sociais, mas você pode f**ar com a certeza de que o animal entregue por você teve uma segunda chance de ser livre!