03/07/2025
No Irã, ser tutor de um cachorro é mais do que um ato de afeto — é um ato de resistência. Em um país onde os animais de estimação, especialmente cães, são alvo de perseguição por parte do governo e de religiosos ultraconservadores, os chamados “pais de pet” enfrentam ameaças, assédio e até confisco de seus animais simplesmente por amá-los. A repressão cresceu nos últimos anos. Em diversas cidades iranianas, passear com cães em espaços públicos foi proibido. Levar o animal no carro também passou a ser ilegal em muitas regiões. As autoridades justificam as medidas como forma de “preservar os valores islâmicos”, já que, segundo interpretações mais rígidas da jurisprudência islâmica, os cães seriam impuros e símbolos da “decadência moral do Ocidente”. A repressão, no entanto, não impediu o crescimento do amor dos iranianos por seus animais. Apesar do medo e da vigilância constante, muitos insistem em manter seus pets escondidos, cuidar deles com carinho e até arriscar passeios discretos durante a noite. O fotógrafo iraniano Azad Amin capturou essa realidade em uma série de retratos poderosos que mostram a coragem e a ternura desses tutores, revelando uma forma silenciosa e profundamente humana de resistência. As imagens revelam cenas simples, mas cheias de significado: jovens segurando seus cachorros nos braços dentro de casa, famílias tirando fotos com os animais escondidos em jardins murados, e olhares que misturam afeto e tensão — reflexos de um amor que sobrevive mesmo sob opressão. A repressão aos donos de cães faz parte de uma política mais ampla de controle social que tenta restringir comportamentos considerados “ocidentalizados” ou “imorais”. Ainda assim, a população iraniana, sobretudo as gerações mais jovens, têm desafiado essas regras de forma cada vez mais criativa e determinada. A luta dos “pais de pet” iranianos é um símbolo do desejo por liberdade individual, dignidade e carinho — valores universais que resistem, mesmo sob o peso da censura e da intolerância